coletando a literatura-jóia da capital. "a cultura pop nos ensina a viver".

Arquivo Tiago West pt. 1 - Poesias

Carma

Ele

Bicho mau
Na desrazão
Morre o ninho
Sem pensar

Ela
Ave mãe
Enluta
Chora a dor da natureza
Retorna
Ao voar

O carma sela-se:

Ele
Por tudo o que
A Pássara
Passara
Passará.


***

Queixa

Sempre achei o bom-caráter a coisa mais imprescindível na vida de uma pessoa.
Sempre achei a criatividade a coisa mais interessante numa pessoa.

Sempre achei a afabilidade a coisa mais sedutora numa pessoa.
Sempre achei o sorriso a coisa mais cativante numa pessoa.
Sempre achei o afeto a coisa mais excitante numa pessoa.


Na verdade,
Sempre achei várias coisas,
Menos a pessoa

***

Emoção x Razão


Emoção, razão
A lógica do desfeito
Coração na mão
E cérebro no peito

***

E Tem Mais

Pernambuco bebeu Porto Alegre
E, diante a BAHcia,

urinÔXEmarrão

Fumaça em excesso dá febre
Quer só fuma ErVA

Tem câncer de Adão

FALO do homem-luxúria
Com o pretexto da planta
Disfarçou a ereção

E tem mais...

O Vaticano bebeu a Amazônia
Rezou o pai-nosso

Em tupi-guarani

Bebê índio se alimenta da caça
Se tentam dar PAPA
Prefere dormir


E tem mais...

O "4 de julho"
Come meu banquete

Bebe meu vinho
E na fronteira me larga

Se fosse Getúlio
Soltava um falsete
E dando gritinho
Arrumava uma "varga"

E tem mais...

Na Alemanha

Nem tudo é nazismo
Também não é só paz
Não é bem assim

O Beethoven
Chegando no Rio
Viu indícios de MORAES
E comeu Tom Jobim


E tem mais...

O Balzac reinou lá em Tóquio
Mediu-se com gosto
E gritou: trinta!

Cinderela sentou no Pinóquio
Bem no seu rosto
E gritou: minta!

E tem mais...

O folclore comeu do dinheiro
Passou contra-cheque
Pro Saci-Pererê

Se esconda em um bom cativeiro
Pois, o mundo inteiro
Só quer te comer.

E tem mais...


#: caixa-alta e aspas são do autor (N. do T.)
***

Meigo

Paixão alvoroçada
Ênfase na atração
Não tema

Insista
Siga o coração

Na verdade

A instrução:

Volte do início
A partir do "P"
Guie sua leitura
Impiedosamente

Na vertical
Agora!

***

Vagabundos

Vagabundos, na verdade
Vêm da globalização
Tem malandro da Bolívia
Vadiando em alemão
Bilhar, 'bicho', baralho
Gafieira e coração
Só abraçam
Trabalho
Sendo, o cargo,
de patrão

Bom vadio
Tempo não perde
Com a bela da praça
Pois, bem sabe:
Mulher feia não há
Desde o invento
Da cachaça

Mas o etanol
Ah, o etanol...

Atiça o desejar
Que tara, pira
Compromete o raciocínio

E bem na hora "H"
Ele pára, mira
Mas acerta no períneo

***

Poema Incompleto

Muito amo-te
Ô, minha preta
Muito imenso
É meu amor
Por tu

Mas não cedes
A ______
Imagina
O __

***

Opereta Militar

Ato 1
(Recruta 1) - Tenor
Juro
Ó, mãe gentil
Darei meu brio
A meu país
Juro
De peito nobre
Embora pobre
Lutarei feliz

Juro
Se convocado
Viril soldado
Eu hei de ser
Juro
Que destemido
Serei ferido
Mesmo sem entender

(Oficial Superior) - Barítono-baixo
Recruta
Que sejas fúlgido
Que sejas óbito
Sem hesitação
Óbvio
Que não há pátria
Que queira glória
Só por ambição

Ato 2

(Recruta 2) - Tenor
Chefe
É exultante
Limpar banheiro
Oficial
Obras
Do almirante
Do brigadeiro
Do marechal

Chefe
Joguei alarde
Que sentinela
Não serei, não
Hoje
Sou o covarde
A 'cinderela'
Do batalhão

(Oficial superior) - Barítono-baixo
Poupe-me
Desta falácia
Da perspicácia
De tua rebeldia
Tu
Não terás cavalos
Tanques ou alados
Bem vindos à infantaria

Ato 3 [fim]
(Coro)
Vamos, toda patente
Vamos em frente
Nós, brava gente guerreira
Vamos, raça valente
Vamos em frente
Vamos lutar

Lutemos
Longe de casa
Longe de causa
Vamos honrar a bandeira
Vamos, raça valente
Vamos honrar

Sem temer a labuta
Filhos da luta
Vamos vencer a batalha
Sem temer a labuta
Filhos da luta
Vamos vencer

Lutemos
Longe de casa
Longe de causa
Para ostentar a medalha
Vamos, raça valente
Vamos vencer

***

Espelho

Há tempos
Um vazio
Me consome
Não é o ócio
Inércia
Nem fome

Uma espécie
De vácuo lacrimal
Instalado
Dos pés à minha traquéia
Me lenho!

Todavia
Embora animal
Sou calado
Nem onomatopéia
eu tenho

Sou poeta
Compositor
Homem pacífico
Por vezes,
'atlantico'

Músico
Escritor
Não magnífico
Por vezes,
romântico

Não miro riqueza
Não minto
Não lato
Mas amo meu cão

Ah, bicho justo...

Gostamos das moças
Do riso
Do tato
- Eu e meu violão

Ah, e do busto...

Fui menino
Caule fino
Até saúde, já tive

Mas a ternura
Em mata escura
Ou solo duro, não vive

Conheci o humano
Gente feia
Gente bonita
Sem-vergonhas
Cérebros célebres
Mentes tolas
Caras medonhas

Não por intenção
Fiz-me diferente
Se o mundo, gelo,
Eu, quente
Se tudo boca
Faltava-me dente

Não sei
Ao certo
Se logo parto
Se viro ancião

Mas, sei:
Se morro deserto
É porque
Não quis ser
Multidão

***

I
...
Sou dona de meu nariz?
Claro! Se não, quem será?
Quem vai querer tutelar
Essas narinas "desafiladas"?

Minha mente é mais excitante
Que qualquer busto postiço
Meu peito, agora lactante
Foi beleza pro noviço

Não sou refém da imagem
E juro, sou feliz
Meu corpo não é modelo
Pra compra de carne e quilo

Meu ego não quer massagem
Sou dona do meu nariz
Sou dona do meu cabelo
E mando no meu mamilo

***

II
Não sou mulher de um homem só
Pois, anulo a solidão do meu homem
E quando o mesmo se dispõe
A extirpar minhas angústias
Aí, sim, sou mulher de um homem só...
Só dele.

III
Espia-me com olho recíproco
Pois
Minha vista
Bem pretende
Te engolir

Um! não tema equívoco
Dois:
Vem artista
Me desvender
Ao esculpir

Dou-te meu tronco e cabeça
Meu órgãos
Minha alma
Minha mente
Talvez, assim, eu mereça
Ter-te
Ora calmo
Ora ardente

Me coza
Estou crua
Seja meu, rapaz
Serei sua

IV
Tua boca
- maior mal da minha vida
Tu, minha eterna ferida
Homem cretino que és
Deu-me pernas sem pés
Caí
Chorei a dor do planeta

Porém
Não resisto à idéia
D'outro beijo teu
Ter tua língua
Nela, que tanto
fui feliz
Lambê-la
Mordê-la
Decepá-la
Cortando o mal
Pela raiz

Logo verás
Tua macheza infinita
Virar vil fiapo
Resposta

E saberás:
Sem saliva maldita
Te resumes a trapo
Seu bosta.

***

Imprensa Impressa

Imprensa impressa
Às vezes:
- Deboche
Imprensa, em pressa
Ou viras
Fantoche

Caros amigos, atentem-se
Nesta época de inverdades
Atenção!
É o que resta
Não vale cegar-se, isto é,
não veja
O que não presta

Sorte nossa
Temos, em qualquer continente
Algo superinteressante
Pois quem vive a capricho
Não capricha
Morre irrelevante

Essa é a lei
A lei do mercado
Te preparas:
- Mercado vilão
Mas, antes de tudo,
relembre o ditado:
'Quem vê caras,
Não vê coração'

#: Grifo do autor.

***

continua




Um comentário:

Anônimo disse...

poema completo

mas não cedes
a buceta
imagina
o cu

(parceria west e gonçalo)